segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sobre os Problemas da Educação.

A cada dia a educação vem incorporando novas fronteiras: inclusão de materiais didáticos, professores cada vez mais graduados com os mais diversos títulos e inclusão digital são alguns dos aspectos que transformaram o sistema educacional tal como ele é hoje. Entretanto, dentre todas essas questões, o quesito que mais impulsionou à essa revolução pedagógica tenha sido a adesão da ciência em todas as áreas da pedagogia. Em princípio, um salto que inovou as relações humanas e a própria ciência; no entanto, a equivocada abordagem em torno dessa nova conjuntura tem acarretado em diversos antagonismos, não somente no aspecto educacional, mas no comportamento humano como um todo.


A realidade atual nos mostra que a educação nos impulsiona para uma criação de indivíduos adestrados, transbordados de técnicas e conhecimentos, estrategicamente transpassados para uma eficácia maior dos meios de produção, impedindo-o de questionar e de levar a diante sua própria criatividade. Estamos nos tornando cada dia mais mecânicos e "eficientes", mas ao mesmo tempo, perpetuamos discórdias, guerras, catástrofes e o caos instaurado que tomou todo o planeta. A ganância envenenou a alma do homem; nós desenvolvemos a velocidade, mas nos fechamos em nós mesmos; máquinas que nos deixou em abundância, nos deixou em necessidade; pensamos muito e sentimos pouco; e a natureza de nossa invenções grita em desespero pela bondade do homem*. Somos educados para aprender inúmeras informações, mas não para nos compreender o mundo por nós mesmos. Ensinam-nos "o que pensar", mas não "como pensar". A educação não é uma simples questão de exercitar a mente. O exercício leva à eficiência, mas não produz integração. A mente que foi apenas exercitada é o prolongamento do passado, nunca pode descobrir o novo (Krishnamurti, 1953). Este último filósofo deixa claro em seu livro Education and Significance of Life, a catástrofe pedagógica que a educação vem passando.


“Estamos como que fabricando, segundo um modelo, um tipo de ser humano cujo principal interesse é procurar a segurança, tornar-se pessoa importante, ou viver deleitavelmente e com o mínimo possível de reflexão.

A educação convencional dificulta sobremodo, o pensar independente. A padronização do homem conduz à mediocridade. Ser diferente do grupo ou resistir ao ambiente não é fácil, e não raro é arriscado, porque adoramos o bom êxito...estamos sendo educados para diferentes profissões dentro de um sistema que se funda na exploração e no temor com sua concomitante avidez.”


Percebe-se que a desintegração do homem tem sido o principal fator dos conflitos para si próprio. E com um sistema que perpetua nossas mais diversas divisões, compreender o processo total do significado da educação tem se tornado uma tarefa cada vez mais árdua. Mas o que a ciência e a pedagogia, com todas suas implicações tem a ver com isso? Tudo! Afinal de contas nossa capacidade mentora está estimulando cada dia mais o uso equivocado da ciência para cegar o homem em si mesmo. Sabemos tudo sobre técnicas de construção, metodologias científicas, otimização maquinária e muitas coisas mais, mas não somos levados a questionar seu uso e nem sabemos o porquê de se produzir tais objetos e conhecimentos. Nossa cegueira se tornou tão aterrorizante que execramos imediatamente àquele que não se comporta como o padrão rege; ter uma nova idéia se tornou algo perigoso, pois no momento em que já a temos, nos tornamos alvos de inúmeras críticas e questionamentos, mais pelo interesse de destruir a criatividade do que pelo processo construtivo do debate, mais por vaidade do que por virtude. Quanto mais antiga é uma idéia - mesmo que equivocada - mais sutil é seu entorno em nossas mentes; nos tornamos entorpecidos por ela de tal forma que uma nova reflexão é imediatamente sufocada, pois ela possui a desgraça de ser recente, independente de sua possível colaboração para todo o mundo. Nossos conhecimentos nos destroem. Embebeda-nos com o poder que nos dão. A salvação única está na sabedoria.


E o que fazer com a famosa frase de Mark Twain (??): "Jamais permiti que a escola atrapalhasse minha educação."


Nossa dita "inovação", está perpetuando os mesmos equívocos de antigamente, e a educação atual é uma das principais armas para essa manutenção que tem levado o ser humano à autodestruição. Levamos adiante uma ciência cega sem a ética libertadora; compreendemos o uso de máquinas, armas, aparelhos de todas as formas e utilidades, mas não compreendemos o porquê do homem usar a si mutuamente. Assim como nosso dito "sucesso", que é mais regido pelo que temos do que aquilo que somos, num mundo onde a educação, em todos o sentidos e divisões, apresentam sérias amostras de um conteúdo fadado ao próprio fracasso pela sua completa ineficiência.


* Charles Chaplin adaptado (1940).

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